Thursday, August 4, 2011

A droga da menina imperfeita - Capítulo 4

Chegando no Rio de Janeiro, fiquei assustada e encantada ao mesmo tempo, a cidade era linda, eu sentia a brisa da orla bagunçando os meus cabelos e as pessoas pareciam ser incrivelmente felizes, só que eu estava amedrontada, não tinha para onde eu ir, era tarde da noite e minha barriga roncava. Passei em um barzinho simpático e pedi um salgado frito acompanhado de um refrigerante. Fiquei ali por horas, pensando em uma saída pra todo aquele caos. Me deu saudade do Miguel, me deu saudade dos meus pais, me deu saudade da minha cama.
Levantei dali, paguei o garçom e saí andando. Com medo, com uma baita vontade de fumar e abraçar o Miguel, quis voltar, mas era impossível. Andei mais ou menos umas duas horas seguidas, enfim cheguei a uma praça mal iluminada rodeada de umas casinhas bonitinhas e antigas, me embracei forte e dormi.
No dia seguinte acordei devido ao barulho dos carros e das crianças que ali farreavam. Eu precisava de um emprego. Até que eu vi um velhinho lendo um jornal, quando ele terminou, pedi-o para ele e ele me deu. Comecei a ler todos os anúncios de emprego, mas era complicado. Eu nunca tinha trabalhado assim, apenas aqueles programas que eu fazia ao efeito das drogas. Até que eu vi algo que me chamara a atenção, estava escrito assim:
"Casa de massagem, meninas de 18 a 24 anos, solteiras, emprego integral." Eu tinha apenas dezessete, mas quem precisava saber disso? Guardei o jornal na bolsa e saí pedindo informação de onde ficava esse lugar. Peguei dois ônibus com o restinho do dinheiro que me sobrara e cheguei a um bairro feio, de ruas tortas e casas estranhas. Cheguei ao endereço que estava escrito no jornal, a casa era igual a todas ao redor. Era uma casinha vermelha de dois andares. Bati na porta.
Um homem de idade média, cabeludo, cheio de anéis dourados e vestido de uma camiseta de seda vermelha atendeu. Ele me olhou dos pés a cabeça e perguntou o que eu queria ali. Entreguei o jornal e perguntei se não tinha uma vaga para mim. Ele pediu para eu entrar. Entrei. A casa cheirava a cigarro barato misturado com perfume doce, nunca tirei esse cheiro da cabeça. Havia umas quinze mulheres maquiadas, com roupas curtas e saltos alto, não me lembro de ter estado em um lugar daquele jeito.
Ele me levou para uma sala apertada, sem janelas e escura. E disse: mostre-me o que sabe fazer. Fiquei enojada, quis sair gritando dali, mas eu precisava de um lugar pra ficar, de um emprego. Pensei comigo mesma que assim que juntasse dinheiro, sairia dali e procurava um lugar melhor.
Beijei ele. Ele começou a passar a mão sobre o meu corpo grosseiramente e beijar o meu tórax até os meus seios. Não evitei. Naquele momento eu pedi em pensamento para que Deus me tirasse dali. E foi naquele momento que uma lágrima saiu do meu olho esquerdo, senti falta do Miguel, embora ele não merecesse. Acabei transando com ele. E quando acabou, ele vestiu a calça, deu um tapinha na minha cara e disse que eu podia ficar, só que eu deveria tomar um bom banho e aprender algumas coisinhas novas.
Ele chamou uma moça, ela se chamava Janaína, pediu para que ela me levasse ao banheiro e que arranjasse uma cama para mim. Ela me mostrou todos os aposentos do predinho, me deu uma toalha e me indicou o banheiro.
Chegando ao banheiro eu vomitei. Vomitei de nojo de mim, de nojo daquele homem. Depois tomei um bom banho, deixei as gotas da água se misturar com as minhas lágrimas. Me olhei no espelho embaçado e pedi perdão.
Chegando no meu novo quarto, a Janaína disse que quando eu ganhasse um pouquinho de dinheiro me levaria a uma loja que ficava ali perto, para que eu comprasse umas roupas, pois essas me atrapalhariam a trabalhar.
No quarto onde eu ficaria, tinha a Janaína, que logo de cara eu me simpatizei e mais duas moças. Ficamos conversando um tempo, elas queriam saber como que uma moça como eu chegara ali, contei tudinho. Me senti aliviada, ali todo mundo era igual, então ninguém podia me julgar. No meio do papo, um sino toca. Todas elas começam a se perfumar e a passar batom. Eu fiquei sem entender muito o que acontecia ali, elas riram e disseram que havia chegado um freguês.

Isabela Teodoro

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