Monólogo

"Eu estou cansada. Mas não é um cansaço físico, é aquele cansaço de insistir nas coisas e as mesmas desistir de mim tão fácil. Cansei de tudo dar errado na hora que eu preciso que dê certo, das pessoas me procurar apenas quando eu não preciso mais delas. Eu queria apenas uma coisa que continuasse, algo que fosse fácil, normal. Sempre tive essas relações supérfluas onde tudo que estava em jogo era os sentimentos de pessoas e não os meus, onde tudo acontecia exatamente contrário a minha vontade. Queria de verdade, que pelo menos uma vez em toda a minha vida algo desse certo sem muito esforço. Simplesinho, sabe? Aquelas coisas bem banais de ficar abraçado sem dizer nada, só pra eu não sentir que minha vida é totalmente solitária.

Cansa persistir. Cansa. E me cansou de tal forma que nem sei se valeria a pena me levantar da cama. Posso parecer radical em minhas decisões, forte, grosseira e até mesmo fria, mas isso tudo é uma máscara que uso para que eu não me machuque mais, só que não está mais adiantando, cheguei a um ponto, em que fingir se tornou uma obrigação forte e chata.

Ontem, enquanto eu deitava com os meu vários livros e meu gato, quis tanto ter alguém pra compartilhar as coisas bobas e insignificantes do meu dia, queria poder dormir agarrada na mão de alguém, me sinto tão só. Só de uma forma que nunca me senti antes, só quando eu digo que não quero esquentar a cabeça com alguém, ou quando esbravejo aos quatro cantos da minha alma que nenhum homem vale a pena, só quando eu ouço uma música e não penso em ninguém pois sei que ninguém está pensando em mim também. 

Minha vida se tornou um monólogo, onde é apenas eu e o meu eu. Não há ninguém que queira participar dessa história, não há ninguém que valha a pena lutar, se isso fosse o problema. Quando eu chegar da escola, não terei ninguém para ligar, não serei de ninguém no fim do dia e ninguém vai notar quando eu estiver triste, pois ninguém ao menos ao meu lado estará."