- Eu não queria que fosse assim, mas relaxa, fofoca só pode ser vinda de mentes pequenas, toma isso aqui que vai te deixar mais aliviada e tenta não se importar muito.
Dizendo isso, ele me entregou um baseado, eu nunca tinha visto um antes, fiquei curiosa, pensei em recusar mas depois pensei que as coisas não poderiam piorar, coitada de mim.
Eu não consegui tragar logo de cara, ele foi me ensinando, eu engasgando e foi até divertido, mas depois eu consegui e fiquei doidona, comecei a rir da cara dele, ver as luzes conversando comigo, nem sei quanto tempo eu fiquei naquele transe, só sei que quando eu dei por mim eu tava numa baita fome. Ele riu e falou que chamava "larica" e me deu uma bolacha, comi ela inteirinha, sem dó. E ainda fiquei com fome. Eu disse que tinha me arrependido e que estava com medo de me transformar numa viciada maluca. Ele riu e mecheu no meu cabelo dizendo que isso era viagem minha e que uma verdinha de vez em quando não dava em nada.
Depois ele foi chegando perto, me beijando, falando sacanagem no meu ouvido e eu me entreguei sem medo. Foi naquela torre que eu perdi a minha virgindade, com aquele canalha, que até então era o meu príncipe. Não quero entrar em detalhes exatos, porque isso ainda me dói muito, mas eu só digo que eu lembro de cada detalhe e de cada palavra que ele me dizia enquanto me unificava ao seu corpo.
O Miguel nunca foi de iludir, ele nunca disse que me ama, nem me chamou de amor. Mas ele era a minha válvula de escape, era com ele que minha paz voltava, ele passou a ser meus amigos, minha família, meu coração e a minha solidão. Pois todos se afastaram de mim. Lembro dele me ligando com voz safada e dizendo que queria foder comigo, eu ingênua, achava que pra ele eu era diferente.
Agente começou a namorar, quer dizer, ele nunca me pediu em namoro, mas acredito que aquilo era um namoro. Ele me ensinou o que era o álcool, as drogas, festas e todas as doideiras do mundo, agente saía sem rumo no mundo, se pegava, fumava uns, ás vezes cheirava uns também.
Eu comecei a emagrecer de uma forma absurda, eu gostava tanto daquele garoto que eu esquecia de comer, minha vida era voltada exclusivamente a ele, tudo que eu fazia, pensava, falava era direta, ou indiretamente para ele. E ele? Bem, ele estava sempre comigo e eu achava que isso bastava.
Eu arruinei a minha família com isso, minha mãe tomava anti-depressivos e dormia o dia todo e quando estava acordada, parecia um zumbi, ela que era tão linda estava acabada, magra, cheia de olheiras, parou de se cuidar, ir ao salão... mas ela não me falava nada, só me olhava com um olhar que me doía até os ossos. Meu pai esqueceu que eu existia, vez ou outra quando eu chegava bêbada e cheirando a cigarro ele me dava uns tapas na cara e cuspia em mim, meu irmão mais velho tinha vergonha de mim, falava pros amigos dele que eu era adotada e chorava baixinho no quarto que eu sei. O outro, o mais novo, me abraçava forte e dizia que desse jeito eu iria morrer, e sinceramente, ele me comovia de um jeito que ninguém sabe.
E a escola? Despedi dela quando a diretora da escola descobriu que eu estava ensinando as garotas mais novas a fumar no banheiro, ela me chamou de vagabunda e eu bati na cara dela sem dó, tinha anos que eu queria fazer isso, e o bom é que o Miguel saiu da escola um dia depois, isso me fez sentir um máximo.
Nosso "namoro" começou a ficar pesado, ele me tratava como um objeto sexual e me dizia coisas terríveis, ás vezes até me batia, eu ficava com medo, mas eu naquela época eu não era capaz de viver sem ele. Portanto escutava caladinha, logo eu que sempre fui tão macho.
Isabela Teodoro
Isabela Teodoro
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