Thursday, July 7, 2011

A droga da menina imperfeita

Introdução

Lembro da época que eu tinha meus onze anos e era gordinha, não muito, mas era. Eu usava aparelho, tinha sardinhas espalhadas pelo rosto e era meio sem sal, não que eu fosse horrorosa, feia e etc, mas sei lá, meu jeito estranho, contido e observador intimidava as pessoas e me afastava do mundo.
Morei a vida inteira em uma cidade pequena, pouco mais de trinta mil habitantes, vivia em uma casa grande e confortável no centro da cidade, ao lado de uma sorveteria que eu amava. Tenho dois irmãos, um mais velho e outro mais novo. Mas não quero citar o nome deles aqui, pois sei que eles se envergonham da pessoa que me tornei, mas de qualquer forma, eu ainda levo no meu peito direito um pedaço de cada um deles. Meus pais eram as pessoas mais legais do mundo, me davam tudo que era possível e eu não tinha motivos algum para sentir, nem que seja por um momento, raiva deles.
Até então minha vida não tinha muitas surpresas, mas minha vida começou a se transformar, quando eu completei treze anos e conheci a Jussara, minha então melhor amiga ou primeira inimiga, pense como quiser.
Ela era mais velha que eu, tinha bombado um ano antes, mas parecia ser bem mais velha do que realmente era, tinha cara de dezesseis, sei lá. Ela era, quer dizer, continua sendo alta, magra, tinha o cabelo tingido de vermelho nos ombros e um sorriso que podia iluminar todos os postes do mundo.
Lembro dela chegando em mim e logo de cara fazendo amizade, antes agente se limitava em conversar durante os intervalos das aulas, mas depois fomos nos apegando uma na outra, sabe? Ela ia sempre lá em casa, ficávamos de bobeira conversando na porta de casa e ela sempre me contando tudo. Os meninos que ela andava pegando, os que ela pretendia pegar e até aqueles que ela dispensava. E eu ouvia tudo sem dar nenhum pio, pois pra mim aquilo tudo era fascinante.
Mas vou parar de falar da Jussara, por enquanto, pois vocês ainda vão ouvir falar muito dela.
Em um dia desses, eu cheguei mais cedo na escola e sentei na minha carteira de sempre e fiquei revisando algumas matérias - esqueci de contar, mas eu sempre fui boa aluna -, até que um garoto chega na classe, cheirando roupa limpinha e deixando os meus olhos vidrados.
Ele era o menino mais bonito que eu já vira em toda a minha vida, sem exagero. Não lembro das feições faciais dele, pois isso já faz um tempo, mas eu sei que ele era lindo. Eu queria dizer que ele me olhou nos olhos, ficou me encarando por horas, me disse logo de cara que eu era linda e etc, mas não vou inventar, ele nem me notou.
Fiquei a aula inteira olhando fixamente pro quadro, com medo dos meus olhos grudarem no corpo dele, eu era tímida, olha que irônico. E assim eu fiz por duas semanas, fingia que ele não existia, por medo, muito medo de não conseguir parar de olhar pra ele e ficar com cara de boba.
Um dia eu tive um, digamos, azar gigante, de sair de dupla num trabalho, com ele, e ele veio dizendo:
- Ei garota, se você quiser passar lá em casa pra agente fazer isso logo, não tem problema... como você se chama mesmo?
- Brr... Bruna. - Por um momento eu fiquei gaga e esqueci o meu próprio nome.
Ele me deu um bilhete com o endereço dele, e acenou pra mim, já saindo. E eu fiquei ali, parada, olhando pra ele indo embora e pensando quietinha comigo mesma - ei menino, me leva com você, me tenha, venha cá.
Eu nunca vou poder me esquecer do dia que fui até a casa dele, pois isso mudou a minha vida totalmente, foi daí que meu mundo se transformou em um inferno.
Ele foi o meu primeiro amor, não que essa história seja um romance, mas começa com um, se é que podemos chamar isso de romance.
Eu fui andando, ensaiando cada palavra que eu supostamente diria a ele, contando cada passo, decorando cumprimentos e sorrisos, até que eu cheguei, bati a porta e ele abriu.


Meninas, "A droga da menina imperfeita", foi uma das várias idéias sem pé e sem cabeça que brotam na minha mente, e eu vou postar aqui, não sei com que frequência, mas vou, todos os capítulos dessa história que vão deixar vocês vidradas, garanto. A Bruna, é uma personagem fictícia, que se encaixa de uma forma ou outra em cada uma de nós e eu tenho certeza que vocês não vão conseguir parar de ler esse conto, as novidades começam a partir do segundo post, aguardem e eu vou parar logo por aqui, antes que eu conte mais e estrago a surpresa! Um abraço, Isabela Teodoro.

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