Thursday, February 16, 2012
Texto dos outros
Ela queria ser uma ave. Era só uma pena. Uma parte de um todo maravilhoso. Foi algo jogado ao vento. Rodopiava por aí sonhando em ser ave. Todos sabiam que nunca seria uma ave, porém ninguém o dizia. Talvez dó, afinal era só uma pena. No fundo sabia, nunca seria ave, era só uma pena. Fingia gostar de ser pena, ser leve, ser carregada pelo vento, depender de seu humor para enfim voar. Não, no fundo ela sentia falta de ser uma parte de um todo lindo. Sabia que não fazia falta, fora tirada para que outra nascesse em seu lugar e sua mãe pudesse brilhar.
Queria tanto ser ave. Sentia sentimentos de liberdade, sentia sentimentos quebradiços, talvez sentimentos tortos, sentimentos de ave. Era só uma pena. Quais eram os motivos para lutar? Enganava-se achando que poderia ser ave. Parou de mentir pra si: era só uma pena. O vento colaborou, e ela caía da altura em que estava, se deixava cair. A cada metro, menos esperança. Todos a olhavam, era só uma pena. Aos poucos repousou calmamente em um mar de desilusões, ali se sabia quem você era, não havia esperança, você é quem te impuseram a ser. Era só uma pena. Nunca mais ave. Nunca mais parte de um todo. Nunca mais voar. Nunca mais esperança. Aos poucos foi afundando, os que olhavam boquiabertos também aos poucos saíram, afinal: era só uma pena.
Texto de: Renata Larisse
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