"Olha, pode dizer que eu não prestava, que eu era chata, mimada e confusa, mas uma coisa você sabe muito bem: a gente se divertia pra caralho. Ninguém era como a gente, nosso namoro com cara de amizade, nossas brincadeiras bobas e aquele olhar que a gente se dava quando um fazia algo errado. Sabe, era tudo nosso demais? Sua mão na minha, minha cabeça no seu ombro... éramos aquele tipo casal que se entregava, se amava e esquecia de todo o resto. Há quem dizia que fomos feitos para enlouquecer o outro, e quem podia duvidar disso?
Ok, tínhamos erros, aliás, quem não tem? Tinha vezes que você me cansava, me deixava chorosa e eu te aborrecia com as minhas crises de carência. Mas sabíamos que até aquilo fazia parte de quem nós éramos. Ta me entendendo, nós? A gente nunca mais usou essa palavra. Será que de vez em quando você olha pra mim e diz pros seus amigos: ta vendo aquela maluquinha que anda estranho? ela já foi o amor da minha vida. Será que quando você deita na sua cama que um dia foi "nossa" você sente saudade de mim e do que nós fomos?
Sabe, ninguém nunca mais me deixou como você me deixava, aquela coisa na barriga, aquela vontade de ta perto, de cuidar, de chamar de "meu", de abraçar e senti aquele arrepio que vinha do pés até a coluna, você sabe do que eu tô falando. Parece que esses outros carinhas faltam sempre alguma coisa, algo que tenho toda a certeza de que só tem em você. Acho que é o meu coração, será?
Tenho vontade de te ligar e de dizer: ei você lembra de mim? Eu era a sua neguinha, a sua namorada apaixonada e aquela que você queria se casar daqui uns anos, você já me esqueceu? Ei, amor, pode voltar quando quiser, ainda sou sua. Tenho vontade de entrar na sua casa, ver se ainda tem vestígios de mim, vê se ainda tem aquela nossa foto grudada no seu mural, ver se não tem nenhuma pista de que você ainda me ama. Mas sei lá, tem coisa demais entre a gente, e por mais que eu queira, eu não posso mais ir atrás de você, porque eu sei que você  não vai estar me esperando."